quinta-feira, 9 de julho de 2015

Como Funciona uma Tribo?!


por Denanci Gonçalves, mais Um na Banda!
Transmitida pelo Caboclo Sete Flechas

Meu filho, esse caboclo vai dizer uma coisa pra você: O dia em que vocês entenderem o verdadeiro significado de TRIBO, os trabalhos no terreiro de vocês vão fluir de uma forma harmoniosa e tranqüila. 

Numa tribo não tem um índio melhor que o outro e nem uma função melhor que a outra. Todos trabalham para o mesmo objetivo. Os homens caçam, pescam, constroem as ocas, ensinam os curumins a caçar e pescar, protegem seus irmãos e muitas outras coisas.

As mulheres cuidam e educam as crianças, cozinham, fazem artesanatos e muitas outras coisas. Cada um tem sua função e respeita a função do outro, pois sabem que o êxito da sua tarefa depende do êxito da tarefa do outro.

Imagina se o caçador começar a achar que o pajé é mais privilegiado que ele e começar a querer fazer as curas e rezas. O Pajé achar ser cacique é melhor que ser pajé e querer comandar a tribo. As mulheres quererem ir à caça no lugar dos homens e os caçadores quererem fazer artesanatos no lugar das mulheres. Seria uma grande confusão e o bem estar de toda a tribo estaria comprometido.
 
O cacique sabe sua função e a realiza com seriedade e responsabilidade, pois sabe que tem que direcionar seus irmãos no dia a dia da tribo. O pajé faz a pajelança e sabe que os irmãos dependem do seu trabalho para ter saúde e dos seus conselhos quando estão com problemas. Os caçadores sabem que precisam prover o alimento da tribo e que todos dependem deles pra comer. As mulheres sabem que tem a responsabilidade de cozinhar, cuidar das crianças e fazer seus artesanatos e que a tribo depende de suas tarefas para funcionar.

Numa tribo, quando nasce um curumim, ele tem os pais, mas é um curumim da tribo e todos têm responsabilidade sobre sua educação e bem estar.

Entendam então, que no terreiro de vocês não tem ninguém melhor e nem pior que o outro. Os Médiuns dependem de seus guia para trabalhar, os guias e médiuns dependem dos cambones para trabalhar, o Sacerdote precisa dos Ogãs, dos médiuns e cambones para sustentar o trabalho, todos precisam do Sacerdote para conduzir o trabalho e os consulentes dependem de todos para serem tratados.

Se cada um fizer a sua parte conscientemente todos saem ganhando. Sejam uma verdadeira tribo e percebam seus irmãos como curumins: todos responsáveis por todos. 

Uma grande tribo é uma grande família.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Umbanda Próspera


Por Marcos Barbosa, mais Um na Banda!

Já ouviram aquela história, que virou uma máxima axiomática de que a Umbanda é uma religião de pobre e pessoas sem instruções.

Que a Umbanda nasceu em lugares onde viviam pessoas mais simples e de condições econômicas menos abastadas é certo, mas trazer isso até dias de hoje como um quase dogma é avassalador.

Não quero dizer com isso que a Umbanda não deve atender pessoas simples, de menor instrução, se elitizar, mas que devemos mudar este foco que engessa a Umbanda chegar a outras classes e se disseminar, que nos vê muitas vezes de maneira preconceituosa, e um dos motivos é o não acesso.

Por isso assim como na minha vida, aberta à prosperidade, na abertura de nosso terreiro fizemos um esforço hercúleo para conseguir um local acessível, novo, sem nada quebrado ou caindo aos pedaços e sem remendos. 

As portas estão abertas para todos, não importando cor, sexo, condições econômicas, porém estamos num bairro, que pessoas simples, pobres e mais abastadas podem chegar e quando entram no terreiro que sintam não só a energia equilibrada e maravilhosa dos guias e orixás, mas também não tenham suas atenções voltadas para as paredes quebradas, mal pintadas, cadeiras velhas e caído aos pedaços.

Este é um desafio grande e perigoso se for confundido com uma espécie de elitização desvairada sem sentido, mas ainda assim tentarmos derrubar essa máxima da "pobreza" da Umbanda é uma luta de visão próspera na abertura de um terreiro.