domingo, 14 de fevereiro de 2016

Amizade: Até que a espiritualidade nos separe!?



por Magnus Quandt, mais Um na Banda!

Bom, todos nós sabemos (ou não) as dificuldades e as alegrias quando adentramos no caminho da espiritualidade. Através deste relato irei expressar meus pensamentos através de vivências onde houve alegrias e algumas dificuldades em lidar com a espiritualidade e as amizades.

É natural durante a vida termos afinidades com as pessoas de acordo com o que estamos fazendo e de acordo com a energia que estamos colocando em nosso objetivo. O que quero dizer com isso é que se eu começo a praticar um esporte como o futebol, por exemplo, com certeza irei encontrar muitos outros atletas e alguns deles acabarão fazendo parte da minha vida e consequentemente, seremos amigos pelo simples fato de minha ação e meu ato ter emanado uma energia que foi de encontro com outra pessoa que está emanando a mesma energia, temos o futebol em comum, temos a prática de um esporte em comum, então nos unimos para a prática do futebol e talvez isso faça com que eu me afaste de outras amizades que não tem relação com o esporte ou até que acabam prejudicando o esporte, mas o que isso tem a ver com a espiritualidade?

Esta resposta é bem simples ao meu ponto de vista. Acontece igualzinho quando escolhemos uma religião, principalmente quando exercemos esta religião de maneira forte em nossa vida, para que a gente seja um religioso, temos sim que “abrir mão” de certos costumes de nossas vidas mudando nossa maneira de conduzi-la e isso acaba afastando pessoas de nossas vidas, porém acaba atraindo novas pessoas e a pergunta é, até que ponto isto é saudável, esta nova
aproximação e o afastamento de velhas amizades?

Isso nos coloca em uma situação bem complicada. Acredito que o afastamento do nosso “velho mundo” e dos “velhos hábitos” acaba sendo natural e muitas vezes até mal interpretado, como os amigos que eu costumava me encontrar para tomar cerveja vão entender que eu não sairei mais as sextas-feiras porque eu assumi um trabalho espiritual?

Não há uma resposta concreta para esta pergunta, estamos lidando com pessoas que não tem a mesma crença que você, muitas vezes não tem crença alguma, então fica difícil entender os compromissos espirituais, até mesmo porque algumas pessoas veem isso como um sacrifício e mal sabem eles que isso é um ato de amor.

Certa vez recebi um convite para uma viagem aonde os amigos iriam se reunir para uma “farra”, músicas, bebidas, bagunça, diversão e churrasco.... Muito bom confesso! Porém, felizmente ou infelizmente eu recusei tal convite, ao recusar o convite eu expliquei de maneira tranquila e calma que neste final de semana eu tinha um compromisso espiritual (uma gira de Umbanda, na qual faço parte da corrente mediúnica da casa), então por este motivo eu não poderia participar desta confraternização com os amigos. Como já tinha recusado outros convites, a pessoa que realizou o convite disse “você não acha que é muito novo para ficar fazendo essas coisas? Você precisa curtir mais a sua vida...”, naquele momento, por um breve segundo, pensei “meus amigos não tem a mesma noção de curtir a vida que eu...”, então pensei como as pessoas que não estão na mesma “vibe”, não entendem a importância da caminhada espiritual na minha vida e talvez nunca entenderão, após compreender isso como se fosse um raio em minha mente de mãe Iansã eu respondi (com amor, é claro) “eu estou curtindo a minha vida, não vou a Umbanda porque preciso (no sentido obrigação), vou porque amo, amo separar minhas sextas e sábados para aprender com este trabalho espiritual, eu estou vivendo e curtindo com a espiritualidade e para isso não existe idade, além disso é algo especial”, até hoje não sei se minha resposta foi entendida, porém foi aceita, desde então sempre penso no quanto é delicada esta relação amizade e espiritualidade, não temos como cobrar de nossos amigos algo que eles não entendem e não sentem no coração, mas creio que também não temos que deixar de viver nossa espiritualidade com o “medo” de perder tal amizade por não compreender nossas ausências, afinal muitas vezes nem nossa família entende nossos compromissos... 

Isto é apenas um pequeno resumo de uma vivência para que a gente não se chateie com o outro e não tenha remorso por seguir nosso coração.

Em contrapartida, como administrar uma amizade conquistada durante o trabalho espiritual?

Será que temos maturidade? (respondei rapidamente sem pensar) claro que temos, afinal todo mundo é bacana, todo mundo esta fazendo a mesma “coisa” e todos nós estamos lá para um mesmo objetivo.

Talvez não seja bem assim, lembrando que somos humanos, temos melindres, temos sentimentos e muitas vezes temos pré-julgamentos, vamos pensar assim, a regra da casa não permite o uso de fumo durante as giras de atendimento, acontece que por algum motivo um Guia acende um charuto e agora???

Vamos analisar com duas óticas:

O Médium que esta incorporado com este Guia é SEU AMIGÃO, porque desde que vocês começaram a “trabalhar” na casa vocês tiveram afinidades, seus guias são afins, quando os dois estão em terra eles se abraçam, conversam, falam de seus “Cavalos” se ajudam em suas “mirongas” entre outras coisas... Enfim você o verá com o charuto na mão e pensará – “Que legal, o Guia esta fazendo um trabalho tão forte que precisou de um charuto para ajudar no descarrego, ele sabe o que faz”.

O Médium que esta incorporado com este Guia NÃO é seu amigo e vamos deixar isso mais interessante, vamos dizer que este médium é alguém que você não vai muito com a cara por alguns motivos como, por exemplo, ele é puxa saco (você acha) do Pai de Santo, ele chega atrasado, ele falta com frequência, ele não fala muito com você dentre outras coisas... e agora o que você pensará? Já sei – “Nossa que falta de respeito, o Médium mal vem nas giras e ainda não esta respeitando as regras da casa, deve ser porque ele é puxa saco do pai de santo e acha que pode tudo...”, entre outros pensamentos.

Este foi um exemplo de como podemos ser “enganados” em nosso entendimento do que esta acontecendo pelo simples fato de ter ou não ter afinidade, então eu reforço a pergunta: Será que temos maturidade mesmo para termos uma amizade dentro de um trabalho espiritual? 

Eu acredito que temos que ter muito respeito, muito amor e muito carinho, mas talvez a amizade seja um passo bem delicado e no qual devemos pensar bem antes de tomarmos esta decisão, afinal, o foco é o trabalho espiritual é sabermos que nossa evolução é individual e intransferível e se quisermos ter uma amizade e algo mais “íntimo” temos sim que ter uma certa maturidade e uma visão de amizade leve, entendo também que é extremamente prazeroso ter estas amizades, eles entendem seus compromissos espirituais, eles dividem
histórias com você, eles sentem as dores e alegrias da evolução espiritual junto com você, como não amá-los? Como não querer estar a todo tempo com eles? Como não marcar jantares? Infelizmente não tenho respostas ou opinião formada sobre essas vontades, eu as vivo, eu amo meus amigos "macumbeiros”, mas sempre penso firmemente em meu trabalho espiritual.

Vamos complicar um pouco mais a reflexão, lembra-se do médium seu AMIGÃO, como em um passe de mágica briguem. Ué! Isso nunca aconteceu com você? E agora quem está certo e errado, tudo que ele te disse, toda a ajuda que você recebeu como é que fica? E agora meus Guias vão cumprimenta-lo???

Que sirva de reflexão para entendermos o que estamos buscando em um trabalho espiritual, acredito sim que o caminho espiritual trará grandes amigos e grandes projetos em prol desta caminhada, mas que a gente tenha o cuidado de entender quando é o momento e como faremos para afunilar esta relação.